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Motor GM 1.0 Turbo e Aspirado: Avaliação e Especificações Técnicas

Conheça os detalhes técnicos, vantagens e riscos do motor GM 1.0 três cilindros que equipa Onix, Prisma e Tracker — um sucesso de vendas que vem dividindo opiniões entre motoristas experientes.

Entre os motores mais vendidos da última década no Brasil, o GM 1.0 de três cilindros se destacou por seu desempenho eficiente e pela proposta moderna. Esse propulsor foi projetado para equipar modelos como o Chevrolet Onix, Onix Plus, Prisma e o SUV Tracker, tanto na versão aspirada quanto na versão turbo. No entanto, apesar do sucesso comercial, ele também passou a ser amplamente criticado por falhas recorrentes, especialmente envolvendo a polêmica correia dentada banhada em óleo.

Neste artigo, será feita uma análise técnica detalhada do motor GM 1.0, abordando seu desempenho, características mecânicas, pontos fortes e os principais problemas que têm gerado preocupação entre os motoristas.

Motor GM 1.0 Turbo e Aspirado: Avaliação e Especificações Técnicas
(Foto divulgação: Chevrolet)

Especificações Técnicas: GM 1.0 Aspirado e Turbo

O motor GM 1.0 três cilindros foi desenvolvido com foco em eficiência energética, baixo consumo e menores emissões. Na versão aspirada, a potência máxima alcança 82 cv com etanol e 78 cv com gasolina, ambos a 6.400 rpm. Já o torque fica em torno de 10,6 kgfm (etanol), disponível a 4.100 rpm.

Por outro lado, na versão 1.0 turbo, o desempenho é mais expressivo. São entregues até 116 cv a 5.500 rpm e 16,8 kgfm de torque com etanol a partir de 2.000 rpm. Esse motor equipa versões mais completas dos modelos Onix, Onix Plus e Tracker, proporcionando uma dirigibilidade mais ágil, especialmente em retomadas.

Em ambas as versões, o bloco é de alumínio, o que contribui para a redução de peso e melhora na eficiência térmica. A injeção de combustível é multiponto, e o comando de válvulas variável otimiza o rendimento em diferentes faixas de rotação.

Correia Dentada Banhada em Óleo: a Inovação que trouxe Problemas

Um dos principais diferenciais técnicos do motor GM 1.0 é o uso da correia dentada banhada em óleo. Em teoria, esse sistema traria vantagens importantes. A lubrificação constante reduziria o atrito, o desgaste e o ruído do conjunto. A promessa inicial era de durabilidade superior — com trocas programadas para 240 mil km ou 10 anos de uso.

No entanto, na prática, a realidade tem sido bem diferente. Muitos usuários relataram que a correia começa a se degradar com menos de 50 mil km. O material, em contato direto com o óleo do motor, sofre desgaste acelerado, liberando fragmentos que contaminam o lubrificante. Esses resíduos, por sua vez, entopem o pescador da bomba de óleo — componente responsável por levar o óleo até os canais de lubrificação.

Um dos principais diferenciais técnicos do motor GM 1.0 é o uso da correia dentada banhada em óleo
(Foto divulgação: Chevrolet)

Com o pescador parcialmente obstruído, a pressão do sistema cai. Quando isso ocorre, a lubrificação é comprometida, e os componentes internos, como virabrequim, bielas e pistões, passam a trabalhar sob maior atrito e calor. Se a queda de pressão não for notada a tempo, o motor pode ser comprometido irreversivelmente.

Casos de Fundição e Danos Prematuros

Relatos de motor fundido com menos de 60 mil km não são raros. Muitos proprietários afirmam ter feito todas as revisões corretamente, utilizando óleo e filtros recomendados pela montadora. Mesmo assim, enfrentaram o problema sem qualquer aviso prévio do sistema.

A luz da pressão do óleo no painel, em alguns casos, sequer acende a tempo. Isso porque a queda de pressão não é súbita, mas progressiva. Quando a central eletrônica reconhece o problema, os danos já podem ter se instalado. Essa falha é considerada crítica porque não depende apenas da manutenção preventiva, mas sim de uma fragilidade do projeto da correia e do sistema de lubrificação.

Bomba de Vácuo: Outro Vilão Silencioso

Além da correia dentada, outro ponto crítico do motor GM 1.0 é a bomba de vácuo. Esse componente, essencial para o funcionamento do servo-freio, é fabricado em baquelite — um tipo de plástico resistente ao calor, mas com limitações.

Com o tempo e a temperatura elevada do compartimento do motor, a peça pode se deteriorar, trincar ou simplesmente parar de funcionar. Quando isso acontece, o motorista percebe o pedal de freio ficando extremamente duro, tornando a frenagem mais difícil e perigosa.

Esse tipo de falha costuma aparecer sem aviso, o que aumenta o risco em situações de emergência. A substituição da bomba é necessária, mas seu custo elevado e a dificuldade de diagnóstico em oficinas comuns tornam o problema ainda mais grave.

Manutenção e Cuidados Especiais

Devido às características sensíveis desse motor, a manutenção precisa ser feita com rigor absoluto. A troca do óleo deve respeitar prazos mais curtos do que os sugeridos no manual. Muitos especialistas recomendam trocas a cada 5.000 ou 6.000 km, especialmente em condições severas de uso urbano.

Além disso, é recomendável utilizar apenas óleos com certificações rigorosas, de preferência os indicados pela própria GM. Outra medida importante é fazer a substituição preventiva da correia dentada por volta dos 60 mil km — muito antes da previsão oficial.

Para a bomba de vácuo, não há um tempo exato de troca preventiva. No entanto, é aconselhável fazer inspeções visuais a cada revisão e estar atento a qualquer alteração no sistema de freios.

Consumo de Combustível

Apesar das críticas, o GM 1.0 se destaca positivamente no consumo. A versão aspirada pode alcançar até 13,9 km/l na estrada com gasolina e cerca de 9,9 km/l com etanol. Já o 1.0 turbo apresenta números ainda mais interessantes: aproximadamente 14,9 km/l com gasolina na estrada e 10,6 km/l na cidade.

Esses dados o colocam entre os motores mais econômicos da categoria. O bom rendimento é favorecido pela calibração eletrônica e pela leveza do conjunto.

Desempenho na Prática

No dia a dia, o motor 1.0 turbo oferece respostas rápidas, especialmente em giros baixos. A força de torque logo nas primeiras rotações garante agilidade em subidas e ultrapassagens. Já a versão aspirada, apesar de mais modesta, entrega desempenho suficiente para uso urbano, com condução leve e confortável.

Entretanto, é importante destacar que, em ambos os casos, o motor exige atenção aos ruídos e eventuais trepidações. Qualquer sinal fora do comum pode indicar desgaste precoce da correia ou falha na bomba de vácuo.

Veredito Técnico: Vale a Pena?

Do ponto de vista técnico, o GM 1.0 representa uma boa ideia mal executada. A proposta de oferecer um motor leve, econômico, silencioso e de baixa manutenção era promissora. Contudo, os erros de projeto, especialmente no sistema de correia dentada banhada em óleo, colocaram sua confiabilidade em xeque.

Motor do Onix e Tracker é bom? Vantagens e riscos do motor GM 1.0 três cilindros que equipa Onix, Prisma e Tracker
(Foto divulgação: Chevrolet)

Para quem já possui um veículo com esse motor, a recomendação é redobrar os cuidados com a manutenção, antecipar trocas preventivas e jamais ignorar sinais de alerta. Já quem está pensando em comprar um usado com esse propulsor, é prudente investigar bem o histórico do carro e verificar se a correia foi substituída antes do prazo.

Felipe Jr
Felipe Jr

Felipe Jr é formado em jornalismo desde 2015 e apaixonado por carros desde a sua infância. Suas duas paixões se uniram ao se tornar redator para blogs do setor automotivo.
CONTATO: forumcarros@hotmail.com

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